sábado, 1 de agosto de 2009

O Brasil está com a ressaca da ditadura

Reproduzo na integra a reportagem do Estadão.com.br, sobre a censura às publicações dos diálogos "familiares" da Grande Familia Sarney:
O ESTADO DE SÃO PAULO
31/07/2009
Justiça censura Estado e proíbe informações sobre Sarney

Gravações em áudio proibidas revelaram ligações do presidente do Senado com os atos secretos da Casa

Felipe Recondo, de O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), proibiu o jornal O Estado de S. Paulo e o portal Estadão  de publicar reportagens que contenham informações da Operação Faktor, mais conhecida como Boi Barrica [hum??!]. O recurso judicial, que pôs o jornal sob censura, foi apresentado pelo empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) - que está no centro de uma crise política no Congresso.

O pedido de Fernando Sarney chegou ao desembargador na quinta-feira, no fim do dia. E pela manhã desta Sexta-feira a liminar havia sido concedida pelo magistrado. O juiz determinou que o Estado não publique mais informações sobre a investigação que a Polícia Federal faz sobre o caso.

Se houver descumprimento da decisão, o desembargador Dácio Vieira determinou aplicação de multa de R$ 150 mil - por "cada ato de violação do presente comando judicial", isto é, para cada reportagem publicada.

Multa

O pedido inicial de Fernando Sarney era para que fosse aplicada multa de R$ 300 mil em caso de descumprimento da decisão judicial.

O advogado do Grupo Estado, Manuel Alceu Afonso Ferreira, avisou que vai recorrer da liminar. "Há um valor constitucional maior, que é o da liberdade de imprensa, principalmente quando esta liberdade se dá em benefício do interesse público", observou Manuel Alceu. "O jornal tomará as medidas cabíveis."


Para, para, para, para! Atente para essa frase: "Há um valor constitucional maior, que é o da liberdade de imprensa, principalmente quando esta liberdade se dá em benefício do interesse público".

Ora, eu e você querido leitor, e esperto, queremos saber o que acontece com nosso Senado, o que acontece com o nosso dinheiro principalmente (assim espero :-]). Mas veja o que encontro nos comentários da reportagem:

Tadinho do Quarto Poder... sinto tanta pena...
Sáb, 01/08/09 15:20  , ********@estadao.com.br [o cara vai descer lenha no Estadão mais tem e-mail lá?????]
Nossa gloriosa imprensa, humilhando o Poder Judiciário, ignora solenemente o instituto do segredo de justiça [hã? Defendo coroné?], tão importante no estado democrático de direito. Enquanto essa ignorância se volta contra o Sarney, que é um crápula mesmo [menos mau], tudo bem, todos nós aplaudimos feito macaquinhos [isso é com você]. Só que o mal acostumado Quarto Poder vai se sentindo cada vez mais no direito de invadir a privacidade de qualquer um [qualquer um não, um representante público], culpado ou não, sob o pretexto da liberdade de imprensa. Nossa sorte é que o Quarto Poder tem os dias contados. Os blogs chegam com força, parciais sim, mas sem hipocrisia. É na blogosfera que vamos conhecer opiniões livres [sim, respeito a sua], com a vantagem de não ter que pagar por assinatura de jornais [ninguém lhe força, meu caro] pseudoindependentes [bom até então, não tenho nada contra o Estadão].

Veja como é a sociedade brasileira: o cara assume que Sarney é um "crápula". Bom se ele sabe disso, deve a impressa que divulga os fatos, que noticia, porque sem informação não há opinião. Logo, ele começa a defender coroné (essa é boa Tas) e descer o pau na imprensa que "ignora solenemente o instituto do segredo de justiça"????!! Pessoas querem ser críticas, mas não sabem o que criticar. Vá entender...

Continuemos.



O diretor de Conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour, afirmou que a medida não mudará a conduta do jornal. "O Estado não se intimidará, como nunca em sua história se intimidou. Respeita os parâmetros da lei, mas utiliza métodos jornalísticos lícitos e éticos para levar informações de interesse público à sociedade", disse Gandour.

Os advogados do empresário afirmam que o Estado praticou crime ao publicar trechos das conversas telefônicas gravadas na operação com autorização judicial e alegaram que a divulgação de dados das investigações fere a honra da família Sarney [claro, que pensassem antes de cometer uma atrocidade dessas].

‘Diálogos íntimos’

Os advogados que assinam a ação - Marcelo Leal de Lima Oliveira, Benedito Cerezzo Pereira Filho, Janaína Castro de Carvalho Kalume e Eduardo Ferrão - argumentam que uma enxurrada de diálogos íntimos, travados entre membros da família, veio à tona da forma como a reportagem bem entendeu e quis. Sustentam também que, a partir daí, em se tratando de família da mais alta notoriedade, nem é preciso muito esforço para entender que os demais meios de comunicação deram especial atenção ao assunto, leiloando a honra, a intimidade, a privacidade, enfim, aviltando o direito de personalidade de toda a família Sarney.

Portal

As gravações revelaram ligações do presidente do Senado com a contratação de parentes e afilhados políticos por meio de atos secretos. A decisão do desembargador Dácio Vieira faz com que o Portal  Estadão seja obrigado a suspender a veiculação dos arquivos de áudio relacionados à operação.

Como as coisas andam descaradas amigo leitor! Seu Sarney volta, o Collor também, e as coisas estão cada vez mais a mostra. Não é ruim não, é bom! Não os dinossauros voltando, precisamos renovar!  O que quero dizer é estamos mudando a passos de tartaruga, mas estamos! O problema é essa maldita ressaca...
Ulisses Tavares, escritor do Hic!tórias e outras obras, diz uma frase sobre a censura de biografias no Brasil: "O Brasil é o único país democrático que vive a ressaca da ditadura", mas se encaixa perfeitamente aqui. 

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