quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O que aconteceu com o MeeGo?

de Criciúma - SC, Brasil
Fonte: eweekeurope.co.uk

Quem acompanha o blog já deve lembrar, mais ou menos, o que é o MeeGo. MeeGo surgiu em Fevereiro de 2010 com a ideia de criar uma plataforma, um ecossistema computacional, juntando os dois projetos Mobilin e Maemo, da Intel e Nokia respectivamente. Detalhando melhor o conceito, o MeeGo era uma proposta de unificação computacional, querendo prover a mesma experiência em laptops, netbooks, tablets, smartphones, TVs, computador de bordo para automóveis, o computer continium. Ou seja, não importa onde estiver e com qual aparelho esteja, você estará com tudo a sua mão. Algo bonito de se pensar, mais difícil de fazer.

Fonte: http://meegoarena.com
Ontem Intel, Samsung, LiMo Fundation e Linux Fundation anuciaram o fim do MeeGo, para dar início em uma nova plataforma com os mesmos objetivos, apenas com modos diferentes de se fazer as coisas, a Tizen. E agora você vai acompanhar um apanhado do que aconteceu  com o sistema que nem engrenou e morreu (ou quase).


Os problemas

O começo do problema é velho. Logo no FISL11 (2010), em uma palestra não oficial sobre o N900 (conduzida por alguém da 4Linux) ouvi: "Não sei se a Nokia vai desistir do Maemo, pois ela gastou tanto dinheiro, e aliás a Intel está atrasada, ainda não entregou a sua parte do MeeGo". Hoje já ouço mais esse fato de que a Intel é ruim em software. Sem contar que a Intel está tentando entrar no mercado de chips móveis, e viu o MeeGo apenas como uma oportunidade para o seu hardware.

Depois disso veio a Nokia com a demora em lançar um produto com o MeeGo, coisa que só veio realizar esse ano com o N9, talvez atrapalhada pelo fato anterior e por uma "religião interna chamada Symbian". Com a mudança de gestão, e de estratégia para o Windows Phone, o MeeGo perde a sua fabricante encarregada de por-lo no mercado alvo. A LG ameaçou, mas acabou não lançando um protótipo exibido em 2010.

Interface para tablets.
Fonte: blogcdn.com
Apesar de ter conseguido alguns produtos nos outros mercados, como o de netbooks, carros, na área mais tática da computação hoje o MeeGo não conseguiu entrar. Esta área é a de smartphones e tablets. Então vieram os rumores da Samsung.

A ameaça verde

Assustada pelo anúncio da compra da Motorola pelo Google, e temendo um possível beneficiamento da empresa ao acesso ao código do Android (agravado pelo chairman Eric Schmidt ter dito que o Google não comprou a Motorla apenas pelas patentes) a Samsung começou a se armar. Primeiro houviu-se que ela iria adotar o MeeGo, depois que iria usar como o coração do Bada, que não é um sistema operacional por si só (middleware) e, depois de algum enrola-enrola, surge o Tizen.

Interface para smartphones da comunidade.
Fonte: tecnocafe.com.br
O Tizen é a segunda junção de sistemas por qual aquela ideia lá do começo vai passar, unindo o código do MeeGo e do LiMo, utilizando como framework de desenvolvimento não mais o Qt, e sim uma nova frame em HTML5 a ser desenvolvida.

Outros ventos na Nokia

Foi esquisito ouvir de um representante da Nokia Brasil que outros aparelhos com MeeGo estão por vir, já que a posição mundial deixa isso para um "futuro próximo". Aliás a representação brasileira já deu a entender durante o Nokia Talk, que o Qt também irá rodar no Windows Phone, mas isso é menos provável que se aconteça. Hoje o Wall Street Jornal publicou matéria falando sobre um projeto Linux da Nokia para substituir a S40 (sistema do C3, X2, C3 Touch-and-type) chamado de Meltemi.

Meltemi é o nome de uma corrente de ar da região da Grécia. O codinome do MeeGo da Nokia, Harmattan é outro africano. E a versão Maemo 5, do Nokia N900, é a Fremantle, vento do oeste australiano. Juntando com os fatos do que já temos um aparelho de baixo custo com 1GHz, e que o Qt é ponto chave para o próximo bilhão de celulares, dá concluir que uma espécie de MeeGo Lite vem ai.
Nokia UI para MeeGo
Outro detalhe importante para o MeeGo é o anuncio de suporte do N9 até 2015, com correções e implementação de novas funções baseados na opinião dos usuários. Outra curiosidade é que o MeeGo Harmattan tem 80% do código provenientes do Maemo 6 (que vinha sendo construído antes da parceria com a Intel). Isso quer dizer que só 20% desenvolvido na parceria foi aproveitado.

Qual será o futuro?

Dizer que o futuro a Deus pertence, parece clichê, mas no momento é o que pode-se dizer. Não dá para saber se a comunidade MeeGo vai querer migrar para Tizen, assim como ainda há pessoas na comunidade Maemo, mesmo com todo esse tempo de molho da Nokia. O open-source na Nokia parace que não será ameaçado pela influência da Microsoft. Talvez os Windows Phones fiquem apenas nos aparelhos top de linha, o resto seria peenchido pelo MeeGo, Maemo, seja lá o que.

Mercado móvel é isso amigos, apaixonante e excitante! Por isso me cativa tanto. Agora é esperar os próximos capítulos.

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